O dia começou com uma verdadeira disputa por capacetes e balaclavas no
autódromo de Road Atlanta, nos Estados Unidos. Todos queriam domar o
Viper. Jornalistas brasileiros, chilenos, argentinos, japoneses,
chineses, europeus... Mas poucos aceitaram o desafio de serem domados
pela víbora nas mãos de Marco Diniz, 43 anos, o brasileiro que ajudou a
desenvolver este e outros “animais” nervosos da SRT.
Puxei a fila dos marmanjos. Diniz trabalha há 13 anos na Chrysler, nos
últimos três anos e meio como engenheiro de dinâmica veicular, aquilo
que você também pode chamar de piloto de testes. Apaixonado por
automóveis desde pequeno, Diniz corria de arrancada no Brasil. Foi ele
que, já na Chrysler, levou o imponente Jeep Grand Cherokee para
Nürburgring. Com o Viper, participou de diversos testes de durabilidade,
domando a fera por mais de 20 horas seguidas. Resumindo, meus amigos: o
cara pilota muito.
Sento no banco do passageiro, aperto o cinto e estou bem perto do chão
novamente, como na meia hora anterior, quando tive a chance de guiar o
Viper. Couro por toda a parte, acabamento impecável e outros detalhes
(bloqueados pela adrenalina que dominou meus sentidos ao acelerar)
começam a chamar atenção.
O bruto ronco do V10 que me deixou anestesiada estava de volta, mas bem
mais nervoso. São 649 cavalos, 82,9 de torque, 331 km/h de velocidade
máxima. E o Viper ainda está 100 kg mais leve que a geração anterior.
Números que colocaram uma dose cavalar de adrenalina nos meus pés quando
estava ao volante da víbora. E que sumiram rapidamente da minha mente
quando Diniz entrou na pista com o pé embaixo e dominou as curvas
arredias do circuito.
A vibração das acelerações volta a contagiar minhas pernas. Em um dos
momentos de subida e descida da pista, sinto a carroceria flutuar,
fazendo um leve balanço. Estamos no modo “confortável” do Viper, o mesmo
que utilizei quando estava dirigindo.
O rústico muscle car se rendeu à tecnologia. Além do interior
mais moderno e sofisticado, o esportivo agora tem controle de tração e
estabilidade, seguindo as leis norte-americanas, e traz suspensão
adaptativa, com um modo de condução mais confortável para aqueles que
querem rodar na cidade.
Na segunda volta, Diniz aperta o botão no painel. “Agora vamos para o
modo Racing”. E como em um passe de mágica, sinto o carro grudar suas
garras no asfalto. E dali ele não sai mais. A diferença para a primeira
volta é impressionante. O Viper come o chão e voa longe, grudado na
pista. Passamos pela reta a mais de 200 km/h, levantando as cabeças
curiosas dos meus colegas jornalistas e, claro, o riso do piloto,
domando sua "criação".
A SRT ainda não confirma a importação do Viper para o Brasil. "Estamos
estudando", dizem os executivos. Nos Estados Unidos, o superesportivo
está disponível em duas versões, a partir de US$ 100 mil (cerca de R$
208 mil, sem impostos), a "básica" e a GTS, que você pega carona no
vídeo abaixo.
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